terça-feira, 20 de maio de 2014

O batalhão especial de Hitler

por Renan Marques



Seja para o bem ou para o mal, grandes nomes estiveram envolvidos nos experimentos que fizeram dessa ciência uma máquina ideológica do nazismo. Alguns foram forçados a isso, outros fizeram por conta própria, mas a questão é que os seus legados marcaram a medicina para sempre e novos usos foram dados à grande parte desses estudos. 



Joseph Mengele ou ‘Anjo da Morte’, considerado o ‘cientista’ mais carniceiro de Hitler. Responsável pela morte de mais de 400 mil pessoas no campo de concentração de Auschwitz. Mengele injetou tinta azul em olhos de crianças, uniu as veias de gêmeos, jogou pessoas em caldeirões de água fervente, amputou membros de prisioneiros, dissecou anões vivos e coletou milhares de órgãos em seu laboratório. Após a guerra, conseguiu escapar e viveu escondido no Brasil até sua morte, em 1979. Sua obsessão por experiências com gêmeos acabou sendo muito útil para os estudos nestes casos. 



Fritz Haber, químico alemão com Prêmio Nobel na área e judeu (acreditem se quiser), inventou o gás cloro, um dos oponentes mais devastadores nas trincheiras. A nuvem esverdeada que corroía pulmões e causava cegueiras concedeu ao cientista um dos maiores sucessos em batalha. A técnica de fixação de amônia a partir do nitrogênio do ar utilizada na criação de explosivos por Haber, hoje permite que se produzam alimentos para bilhões de pessoas no desenvolvimento de fertilizantes. 



Otto Hahn, outro ganhador do Nobel que liderou um ataque com gás, foi um dos descobridores do processo de fissão nuclear, usado em bombas atômicas e em usinas nucleares.



Max Plank, físico alemão com Prêmio Nobel na área, considerado pai da física quântica. Fazia parte do grupo que não era a favor do regime nazista e conseguiu avanços significantes sobre radiações eletromagnéticas e criou a lei de radiação térmica. Todos seus estudos foram aproveitados na física moderna e forneceram dados até então pouco explorados em projetos como a energia nuclear. 



Julius Hallervorden, físico alemão e neurocientista, possuiu a maior coleção de cérebros humanos do planeta, algo em torno de 697. Foi responsável por desenvolver uma série de avanços no ramo neurológico que favoreceram a medicina atual.



August Hirst, considerados um dos médicos mais carniceiros que dava preferência a cabeças de judeus. Usou todas para estudos anatômicos na tentativa de determinar a superioridade do povo ariano. Dr. Hirst contribuiu de forma incontestável para os avanços sobre a anatomia humana.



Sigmund Rascher, responsável pelo campo de concentração de Dachau, conhecido por terríveis experimentos em câmaras de baixa pressão. Dr. Rascher também fez experiências importantes relacionadas a hipotermia e descobriu que aquecendo o pescoço de uma vítima de naufrágio em águas geladas suas chances de sobrevivência aumentariam significativamente. Foram graças a esses estudos que os coletes salva-vidas de hoje em dia são desenhados para aquecer o pescoço.

Avanços surpreendentes aconteceram na tentativa de higienização racial dos nazistas, e não se pode negar que por trás de toda a crueldade, a medicina científica prosperou em vários aspectos que eram de interesse do regime. Outros experimentos sobre malária, gás mostarda, sulfonamida, água do mar, febre amarela, varíola, tifóide, cólera, difteria, venenos, bombas incendiárias e altas altitudes também constam nos registros.



Fontes:
Museu Memorial do Holocausto dos EUA
Revista Super Interessante, Doutores da Agonia.
CORNWELL, John. Os Cientistas de Hitler. Editora Imago, 2003.
LIFTON, Robert Jay. The Nazi Doctors. Basic Books, EUA, 2000.

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