A casa de leilões francesa Vermot de Pas informou nesta
segunda-feira (14) cancelou a venda de objetos que pertenceram a Adolf
Hitler e a seu braço direito Hermann Göring, diante da polêmica causada
após o protesto de associações judaicas.
As peças que seriam leiloadas são documentos, livros, joias
e passaportes que foram arrebatados em maio de 1945 por soldados da Divisão
Blindada do general francês Leclerc em seu avanço rumo a Berlim, na residência
do ditador nazista nos alpes bávaros.
Entre eles, se destacam quatro passaportes de Göring e um de
sua primeira mulher, mas também livros, fotografias, pequenos móveis e joias.
Os objetos, 46 no total, permaneceram durante anos nas mãos
dos soldados, um deles ainda vivo, com 93 anos, e passaram posteriormente a
seus herdeiros, que decidiram agora leiloá-los.
Foto mostra um dos quatro álbuns de foto que pertenceram ao
alemão Adolf Hitler (Foto: Frank Perry/AFP)
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Curador da venda, Yves Salmon, explicou que o evento,
prevista para o próximo sábado, foi cancelado para evitar "problemas de
ordem pública" e "eventuais manifestações".
A decisão foi tomada depois que diversas associações
judaicas, entre elas o Conselho Representativo de Instituições Judaicas da
França (CRIF), pediram a anulação do leilão que, segundo sua opinião
"atenta contra a memória das vítimas da barbárie nazista".
"Comercilizar esse tipo de objeto ajuda a lhes dar um
valor simbólico doentio", defendeu o CRIF.
Salmon, por sua vez, disse que o leilão aconteceria dentro
das regras da França e
que todos os objetos que continham símbolos nazistas, como a suástica, haviam
sido retirados da exposição.
No total, três objetos não foram expostos antes da venda e
seriam diretamente entregues a seus compradores.
O especialista afirmou, no entanto, que decidiram anular a
venda para evitar "males maiores", sobretudo depois que o CRIF
afirmou que a impediria "a qualquer preço".
A partir de agora, a casa de leilões entrará em contato com
essa organização judaica para tentar lhes vender as peças se conseguir um
acordo que convenha aos proprietários.
Caso não seja assim, os objetos serão devolvidos a seus
donos "e nada poderá impedi-los de vendê-los a quem quiserem, o que pode
ser pior que o leilão", argumentou Salmon.
O CRIF tinha pedido às autoridades que comprasse os objetos
para que possam ser estudados pelos historiadores e, em seu caso, expostos em
museus, e evitar portanto caiam em mãos privadas.
O curador disse que os proprietários "estão muito
surpresos pela reação das organizações judaicas", sobretudo porque os
soldados da Divisão Leclerc "batalharam duro e, em alguns casos, deram sua
vida na batalha contra os nazistas".
A ministra de Cultura, Aurélie Filippetti, já havia se
pronunciado a favor da anulação da venda.
Fonte: G1
Fonte: G1
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