Um Retrato de Hitler, por John
Gunther* (Inside Europe, 1940)
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Livro: O grande livro do jornalismo. Editado por Jon E. Lewis. |
O resumo do texto “Um
Retrato de Hitler”
Por Ana Carolina Bispo
Gunther já inicia seu texto falando “ADOLF HITLER, IRRACIONAL,
contraditório, complexo, é um personagem imprevisível;” Na introdução o
jornalista fala um pouco de como os
alemães viam Hitler. Ele afirma que para milhões de alemães honestos ele era
sublime, uma figura de adoração que os enchia de amor, medo e êxtase
nacionalista. E para muitos outros ele era fraco e ridículo, um charlatão e um
demagogo mentiroso.
•
O Ser
humano Hitler
Hitler nasceu na Áustria, em 1889 e tinha um desejo profundo de ser
artista. Mas seus quadros eram sem ritmo, cor, sentimento ou fantasia
espiritual. Os professores de Viena teriam mandado ele para escola de
arquitetura, pois seus desenhos eram como de um arquiteto. Não chegava perto da
cultura e peso intelectual, por exemplo, de Mussolini. Quase não lia nada e não
gostava de intelectuais.
Hitler achava difícil tomar decisões rápidas, ele não tinha harmonia
interior e não era um homem forte. Por
algum tempo se dizia que o melhor traço de Adolf era a lealdade. E na verdade
ele foi leal... Claro que aos que nunca discordaram dele, que lhe deram
obediência absoluta.
Ele era tão fanático e estranho que acreditava nas suas próprias
mentiras. Em uma entrevista ao Daily Mail, ele disse que a revolução nazista
custou apenas 26 vidas. Dentre tantas outras mentiras, ele prometeu matar-se se
o golpe de Munique falhasse; falhou, e ele continuou vivo.
•
O homem
sem hábitos
O jornalista menciona que já próximo aos 51 anos as condições físicas do
ditador não eram boas.Ele não praticava exercícios e teve alguns problemas de
saúde: complicações pulmonares quando menino e ficou cego por causa do gás
venenoso da guerra. Em 1935, foi revelada uma operação que Hitler fez meses antes,
para retirar um pólido nas cordas vocais.
“Eu não
sei quando finalmente fecharei os olhos, mas sei que o partido continuará e
governará. Líderes vêm e líderes morrem, mas a Alemanha viverá... O Exército
deve manter o poder dado à Alemanha e protegê-lo.”
Esse discurso levou a rumores, não confirmados, de que o tumor na
garganta de Adolf era maligno, e que ele tinha um câncer.
Ele adorava música, frequentava ópera todas as vezes que podia. Em
muitas noites chamava seu amigo, Hanfstaengl para tocar até ele dormir, de vez
em quando Schumann ou Verdi, com mais frequência Beethoven e Wagner, pois ele
precisava da música como de droga.
Não ligava para livros, nem para roupas, muito pouco para amigos e nada
para comida ou bebida. Não fumava nem bebia, e não deixava ninguém fumar perto
dele. Era praticamente vegetariano.
Hitler não gostava de Berlim preferindo Munique ou Berchtesgaden.
•
Amigos
Hitler era um homem de poucos amigos. Mesmos seus funcionários
permanentes que podiam vê-lo constantemente nem sempre eram considerados
íntimos. Seu mais íntimo assessor, ministro do Exterior, Herr Von Ribbentrop,
era uma das pouquíssimas pessoas que podiam encontrá-lo a qualquer momento sem
marcar hora.
Era indiferente com as pessoas e não permitia nenhum acesso mais íntimo.
Um colega do jornalista,autor do texto, viajou com ele por dois meses nas
campanhas eleitorais de 1932 e afirmou que
o Führer jamais falou com ninguém, não se mexia e nem sorria nas longas
horas no ar.
Apesar de não de expor sua fraqueza e represar as emoções, muitas vezes
ele explodia e entrega-se a ataques de choro. Houve tempo em que chorava muitas
vezes quando não conseguia impor sua vontade.
•
Atitude
para com as mulheres
Não possuía nenhum interesse por mulheres, pensava nelas como donas de
casa, mães ou mães potenciais, para fornecer filhos à pátria.Frau Göbbels dava
festas noturnas, para as quais convidava mulheres bonitas e distintas a fim de
conhecer Hitler, mas jamais conseguiu
arrumar um par para ele.
Muitos jornalistas alemães investigaram a possibilidade do Líder ser
homossexual. Verificaram todos os alojamentos onde ele dormia, entrevistaram
donos de cervejaria, garçons de cafés, senhorias, carregadores. Não se descobriu
nada, nenhuma relação íntima com ninguém de qualquer sexo. A maioria dos
escritores e observadores alemães mais bem equipados para conhecê-lo julgava-o
virgem.
•
Atitude
para com o dinheiro
Não dava muita importância ao dinheiro tudo o que ele precisava o Estado
fornecia. O salário recebido pelo Estado ele doava a um fundo que sustentava
operários que sofreram acidentes de trabalho. Pode ser que tenha empregado boa
parte de sua fortuna pessoal com sua autobiografia, Mein Kampf, livro que era
leitura obrigatória para os alemães e a um alto preço.
Mas é muito difícil na Europa descobrir os dados das fortunas dos
dirigentes, pois era proibido para os investigadores de todos os países.
•
Atitude
para com a religião
Foi educado como católico, mas logo cedo perdeu a fé e não assistia a
ofícios religiosos de nenhuma espécie. Ele buscava eliminar tudo aquilo que
pudesse atrapalhar ou competir com seu objetivo: a unificação da Alemanha.
Portanto, ao formar seu governo travou uma luta contra os católicos, protestantes,
judeus, banqueiros, lojas de departamento e tudo que era internacional que não
poderia fazer parte de uma Alemanha pura e genuína. Hitler no seu desejo louco
de livrar a Alemanha de elementos não germânicos se opunha a qualquer coisa que
não pudesse ser 100% nacional. Considerava o catolicismo uma força competitiva
e perigosa, porque exigia do homem duas alianças o que para o Adolf era
insuportável aceitar.
Já a Igreja protestante era mais fácil de suportar, pois
supostamente a Igreja Luterana era alemã e nacionalista. Hitler achava que
bastava colocar um capelão do exército, um feroz nazista, poderia coordenar a
Igreja Evangélica na Alemanha e pô-la a seu serviço. Porém a questão não teve
sucesso e foi motivo de discórdia. Em um discurso Heiden cita uma observação de Hitler: “Nós não queremos outro Deus além da própria
Alemanha.”
Uns dos ressentimentos de Hitler contra Deus é o fato de Jesus ser
judeu. E por isso não perdoava nem aos judeus nem aos cristãos. Muitos nazistas
negavam que o Cristo fosse judeu. Outro ressentimento foi por Deus ter
permitido a derrota da Alemanha para os franceses na Grande Guerra. Pois nenhum
Deus que permitisse que franceses e outras raças “inferiores” ganhassem a
guerra, seria um Deus satisfatório para os alemães.
Com 17 anos Hitler encontrou pela primeira vez um judeu com trajes
nativos. Este encontro influenciou no seu antissemitismo. E mais tarde essa
fúria aumentou e ele dizia que os judeus tomavam empregos dos “alemães”,
controlavam a imprensa, o teatro, as artes de Berlim; havia advogados, médicos,
professores judeus, era uma pestilência; “pior
que a Peste Negra”.
Muito antes de se tornar Chanceler, Hitler não se permitia falar com um
judeu nem ao telefone.
•
“Sou eu
guardião do meu irmão”
Muitas precauções para proteger o Líder de um possível assassinato são
tomadas. O tenente Brückner, principal ajudante, geralmente senta-se sempre ao
lado de Hitler. Se a ocasião é de cerimônia e estão presentes grandes
multidões, a rota é ladeada por homens da SS (Camisas Negras) alternadamente de
frente e de costas armados com fuzis.
•
Fontes
pessoais de poder
Uma das qualidades positivas de Hitler era sua objetividade, sua
intenção fixada em um propósito. Suas táticas poderiam mudar a estratégia
também, mas o objetivo, jamais. Outra que pode ser destacada era o vigor. Todos
os ditadores eram vigorosos, na realidade precisavam ser. Entrevistadores que
falaram com ele na véspera de uma eleição, depois que fizera vários discursos
em um dia, por toda a Alemanha, a semana toda, encontraram-no disposto e calmo.
“Quando
tenho uma missão a cumprir, terei força para ela”.
Se um dos homens que Hitler escolheu falhassem, era morte certa. Quando
precisava comentar sobre algo desagradável, em geral fala depois da 20 horas,
para que os jornais estrangeiros só pudessem publicar uma versão apressada e
talvez distorcida das palavras dele.
O Führer era de uma vaidade extrema, mas de forma curiosa não era
vaidade pessoal. Mussolini deve ter dado retratos autografados a milhares de
admiradores desde 1922. Os que Hitler concedeu a amigos podem ser contados nos
dedos das mãos.
Antony Eden, quando visitou Berlim na primavera de 1935, e conversou com
Hitler por sete horas, haveria falado que ele tinha um “completo domínio” de
questões estrangeiras. Isso, claro, era bobagem. Pois ele não sabia nada sobre
questões estrangeiras. Na verdade o que Eden quis dizer foi que Hitler mostrou
um firme domínio de sua própria opinião das questões estrangeiras.
* Jornalista free-lance americano na Europa,
Gunther escreveu uma série de Best-sellers intitulados Inside Europe, dando o
‘verdadeiro furo’ sobre o povo e os assuntos do continente. O texto abaixo é um
trecho do retrato falado de Adolf Hitler.