segunda-feira, 16 de junho de 2014

Brainwash

por Luisa Granato

 
Com o fim da Primeira Guerra (1914-1918), a Alemanha, derrotada, encontrava-se em profunda crise, vendo-se forçada a assinar o Tratado de Versalhes, em 1919, acordando a sua total responsabilidade pela guerra, limitando o poder bélico do país e do exército alemão, obrigando a devolução de territórios conquistados, exigindo pagamento de uma indenização aos países vitoriosos pelos danos de guerra, além de sofrer fortes restrições no campo militar. O Tratado de Versalhes foi considerado humilhante pelos alemães, criando um desejo de revolta radicalizado na sociedade, tendo como consequência um país arrasado e caótico, tanto no aspecto político quanto no econômico. O período de crise estendeu-se de 1919 a 1933. Nesse panorama conturbado, o nazismo surgiu e se fortaleceu. Aos poucos, chegou ao governo do país, impondo-lhe uma ditadura baseada no militarismo e no terror.
    O Partido Nacional-Socialista foi fundado, em 1920, por Adolf Hitler, um antigo cabo do exército alemão, de origem austríaca. Em 1923, Hitler, indignado com as péssimas condições que os alemães enfrentavam, tentou um golpe de Estado. Sem sucesso, foi preso. Na prisão, escreveu um livro que se tornou um guia para o nazismo, chamado “Mein Kampf” (Minha luta). No livro, defendia a hegemonia da raça ariana, “A Alemanha só se reergueria quando os povos se unissem num só povo, num só império, num só líder”. 


    Adolf Hitler acreditava que a propaganda deveria ser sempre popular, dirigida às massas, fazendo com que “o mais ignorante dos seres” fosse capaz de entender sua mensagem: “As grandes massas têm uma capacidade de recepção muito limitada, uma inteligência modesta, uma memória fraca” - "A propaganda política busca imbuir o povo, como um todo, com uma doutrina. A propaganda para o público em geral funciona a partir do ponto de vista de uma ideia, e o prepara para quando da vitória daquela opinião", palavras escritas em seu livro no qual defendia o uso de propaganda política para disseminar seu ideal de Nacional Socialismo.
    Essa prática se tornou comum na década de 30 na Alemanha, graças a Joseph Goebbels, ministro da propaganda no governo nazista de Adolf Hitler – foi estabelecido o Ministério do Reich para esclarecimento popular e propaganda, encabeçado por ele. Nascido em 29 de outubro de 1897 na Renânia, Prússia, Goebbels depois de lutar na Primeira Guerra Mundial, se juntou ao Partido Nazista e foi nomeado líder do distrito de Berlim por Adolf Hitler, em 1926, se tornando o braço direito de Hitler.
    Depois que o Ministério Reich foi estabelecido, Goebbels foi nomeado Ministro da Propaganda. O objetivo do Ministério era garantir que a mensagem nazista fosse transmitida com sucesso através da arte, da música, do teatro, de filmes, livros, estações de rádio, materiais escolares e imprensa. Goebbels foi o responsável pela criação do mito “füher”. Produzindo filmes emocionantes divulgando o nazismo. A propaganda e os filmes não apenas criticavam os inimigos, mas também criavam modelos de comportamento a serem seguidos pelos alemães, como ser controlados economicamente e evitar o luxo. Para consolidar suas ideias, ele censurou toda a imprensa alemã, fechando jornais, editoras e emissoras de rádio e televisão. Quase todos paravam para ouvir os seus discursos de Hitler e a propaganda de Goebbels surtiu efeito. Milhares de alemães filiaram-se ao partido e contribuíram para o Holocausto de Hitler, torturando e matando seus próprios compatriotas.
    Muitas produções nazistas retratarem os judeus como seres “subhumanos”, como em 1940, por exemplo. “O Eterno”, dirigido por Fritz Hippler, que retratava os judeus como parasitas culturais, levianos, consumidos pelo sexo e pelo amor ao dinheiro. Outro exemplo é o filme, “O Triunfo da Vontade”, de 1935, de Leni Riefenstahl, exaltava Hitler e o movimento Nacional Socialista Nazista e as obras de Leni, “O Festival das Nações” e “Festa da Beleza” (1938), mostraram os Jogos Olímpicos de Berlim, em 1936, promovendo o orgulho nacional com o sucesso do regime nazista naqueles Jogos. Sempre pregando o anti-semitismo racial, da superioridade do poder militar alemão e da essência malévola de seus inimigos, como eram definidos pela ideologia nazista.


    A propaganda nazista foi uma tentativa coordenada para influenciar e condicionar a opinião pública para domino do regime e para obter apoio da população. A busca da glória e da soberania a todo custo faziam com que essa propaganda e a educação doutrinária estivessem em perfeita sintonia para que fossem cumpridos os objetivos de seus idealizadores e da nova Alemanha. Para disseminar de forma agressiva e expressiva, essa propaganda era direcionada com grande atenção a juventude e as crianças alemãs (Juventude Hitlerista), vistos como potenciais idealizadores para que se sentissem estimulados em dedicar seus esforços a favor do Estado, Hitler acreditava que representariam o futuro da raça ariana, porque os adultos já estariam "velhos" e "gastos".
    O regime nazista até o final utilizou a propaganda de forma efetiva para mobilizar a população alemã no apoio à sua guerra de conquistas. Passando a controlar boa parte da vida das pessoas e a disseminar o ódio étnico-cultural contra o semitismo, tudo isso sustentado por meios de comunicação eficientes e avançados para a época. A propaganda nazista era parte integrante da guerra psicológica, porém o terror foi a sua própria essência. Era também essencial para dar a motivação àqueles que executavam os extermínios em massa de judeus e de outras vítimas do regime nazista. Também serviu para assegurar o consentimento de outras milhões de pessoas a permanecerem como espectadoras frente à perseguição racial e ao extermínio em massa de quem eram testemunhas indiretas. A propaganda impressionava, transformava, enganava e contribuía na criação de uma realidade subjetiva e artificial, utilizando o utilitarismo perverso e disseminando manipulação estatal rigorosa a ponto de estabelecer e realizar o “brainwash” na conduta da sociedade e na opinião pública.

Fontes:
HITLER, Adolf. Minha Luta. 5ª ed. São Paulo: Centauro Editora, 2005.

Nenhum comentário:

Postar um comentário