sábado, 19 de abril de 2014

Um Retrato de Hitler

Um Retrato de Hitler, por John Gunther* (Inside Europe, 1940)


Livro: O grande livro do jornalismo. Editado por  Jon E. Lewis.


O resumo do texto “Um Retrato de Hitler”

Por Ana Carolina Bispo


Gunther já inicia seu texto falando “ADOLF HITLER, IRRACIONAL, contraditório, complexo, é um personagem imprevisível;” Na introdução o jornalista fala um pouco  de como os alemães viam Hitler. Ele afirma que para milhões de alemães honestos ele era sublime, uma figura de adoração que os enchia de amor, medo e êxtase nacionalista. E para muitos outros ele era fraco e ridículo, um charlatão e um demagogo mentiroso.

       O Ser humano Hitler

Hitler nasceu na Áustria, em 1889 e tinha um desejo profundo de ser artista. Mas seus quadros eram sem ritmo, cor, sentimento ou fantasia espiritual. Os professores de Viena teriam mandado ele para escola de arquitetura, pois seus desenhos eram como de um arquiteto. Não chegava perto da cultura e peso intelectual, por exemplo, de Mussolini. Quase não lia nada e não gostava de intelectuais.

Hitler achava difícil tomar decisões rápidas, ele não tinha harmonia interior e não era um homem forte.  Por algum tempo se dizia que o melhor traço de Adolf era a lealdade. E na verdade ele foi leal... Claro que aos que nunca discordaram dele, que lhe deram obediência absoluta.

Ele era tão fanático e estranho que acreditava nas suas próprias mentiras. Em uma entrevista ao Daily Mail, ele disse que a revolução nazista custou apenas 26 vidas. Dentre tantas outras mentiras, ele prometeu matar-se se o golpe de Munique falhasse; falhou, e ele continuou vivo.

       O homem sem hábitos

O jornalista menciona que já próximo aos 51 anos as condições físicas do ditador não eram boas.Ele não praticava exercícios e teve alguns problemas de saúde: complicações pulmonares quando menino e ficou cego por causa do gás venenoso da guerra. Em 1935, foi revelada uma operação que Hitler fez meses antes, para retirar um pólido nas cordas vocais.
“Eu não sei quando finalmente fecharei os olhos, mas sei que o partido continuará e governará. Líderes vêm e líderes morrem, mas a Alemanha viverá... O Exército deve manter o poder dado à Alemanha e protegê-lo.”

Esse discurso levou a rumores, não confirmados, de que o tumor na garganta de Adolf era maligno, e que ele tinha um câncer.

Ele adorava música, frequentava ópera todas as vezes que podia. Em muitas noites chamava seu amigo, Hanfstaengl para tocar até ele dormir, de vez em quando Schumann ou Verdi, com mais frequência Beethoven e Wagner, pois ele precisava da música como de droga.

Não ligava para livros, nem para roupas, muito pouco para amigos e nada para comida ou bebida. Não fumava nem bebia, e não deixava ninguém fumar perto dele. Era praticamente vegetariano.

Hitler não gostava de Berlim preferindo Munique ou Berchtesgaden.

       Amigos

Hitler era um homem de poucos amigos. Mesmos seus funcionários permanentes que podiam vê-lo constantemente nem sempre eram considerados íntimos. Seu mais íntimo assessor, ministro do Exterior, Herr Von Ribbentrop, era uma das pouquíssimas pessoas que podiam encontrá-lo a qualquer momento sem marcar hora.

Era indiferente com as pessoas e não permitia nenhum acesso mais íntimo. Um colega do jornalista,autor do texto, viajou com ele por dois meses nas campanhas eleitorais de 1932 e afirmou que  o Führer jamais falou com ninguém, não se mexia e nem sorria nas longas horas no ar.

Apesar de não de expor sua fraqueza e represar as emoções, muitas vezes ele explodia e entrega-se a ataques de choro. Houve tempo em que chorava muitas vezes quando não conseguia impor sua vontade.

       Atitude para com as mulheres

Não possuía nenhum interesse por mulheres, pensava nelas como donas de casa, mães ou mães potenciais, para fornecer filhos à pátria.Frau Göbbels dava festas noturnas, para as quais convidava mulheres bonitas e distintas a fim de conhecer  Hitler, mas jamais conseguiu arrumar um par para ele.

Muitos jornalistas alemães investigaram a possibilidade do Líder ser homossexual. Verificaram todos os alojamentos onde ele dormia, entrevistaram donos de cervejaria, garçons de cafés, senhorias, carregadores. Não se descobriu nada, nenhuma relação íntima com ninguém de qualquer sexo. A maioria dos escritores e observadores alemães mais bem equipados para conhecê-lo julgava-o virgem.

       Atitude para com o dinheiro

Não dava muita importância ao dinheiro tudo o que ele precisava o Estado fornecia. O salário recebido pelo Estado ele doava a um fundo que sustentava operários que sofreram acidentes de trabalho. Pode ser que tenha empregado boa parte de sua fortuna pessoal com sua autobiografia, Mein Kampf, livro que era leitura obrigatória para os alemães e a um alto preço.
Mas é muito difícil na Europa descobrir os dados das fortunas dos dirigentes, pois era proibido para os investigadores de todos os países.

       Atitude para com a religião

Foi educado como católico, mas logo cedo perdeu a fé e não assistia a ofícios religiosos de nenhuma espécie. Ele buscava eliminar tudo aquilo que pudesse atrapalhar ou competir com seu objetivo: a unificação da Alemanha. Portanto, ao formar seu governo travou uma luta contra os católicos, protestantes, judeus, banqueiros, lojas de departamento e tudo que era internacional que não poderia fazer parte de uma Alemanha pura e genuína. Hitler no seu desejo louco de livrar a Alemanha de elementos não germânicos se opunha a qualquer coisa que não pudesse ser 100% nacional. Considerava o catolicismo uma força competitiva e perigosa, porque exigia do homem duas alianças o que para o Adolf era insuportável aceitar.

Já a Igreja protestante era mais fácil de suportar, pois supostamente a Igreja Luterana era alemã e nacionalista. Hitler achava que bastava colocar um capelão do exército, um feroz nazista, poderia coordenar a Igreja Evangélica na Alemanha e pô-la a seu serviço. Porém a questão não teve sucesso e foi motivo de discórdia. Em um discurso  Heiden cita uma observação de Hitler: “Nós não queremos outro Deus além da própria Alemanha.”
Uns dos ressentimentos de Hitler contra Deus é o fato de Jesus ser judeu. E por isso não perdoava nem aos judeus nem aos cristãos. Muitos nazistas negavam que o Cristo fosse judeu. Outro ressentimento foi por Deus ter permitido a derrota da Alemanha para os franceses na Grande Guerra. Pois nenhum Deus que permitisse que franceses e outras raças “inferiores” ganhassem a guerra, seria um Deus satisfatório para os alemães.

Com 17 anos Hitler encontrou pela primeira vez um judeu com trajes nativos. Este encontro influenciou no seu antissemitismo. E mais tarde essa fúria aumentou e ele dizia que os judeus tomavam empregos dos “alemães”, controlavam a imprensa, o teatro, as artes de Berlim; havia advogados, médicos, professores judeus, era uma pestilência; “pior que a Peste Negra”.

Muito antes de se tornar Chanceler, Hitler não se permitia falar com um judeu nem ao telefone.

       “Sou eu guardião do meu irmão”

Muitas precauções para proteger o Líder de um possível assassinato são tomadas. O tenente Brückner, principal ajudante, geralmente senta-se sempre ao lado de Hitler. Se a ocasião é de cerimônia e estão presentes grandes multidões, a rota é ladeada por homens da SS (Camisas Negras) alternadamente de frente e de costas armados com fuzis.

       Fontes pessoais de poder


Uma das qualidades positivas de Hitler era sua objetividade, sua intenção fixada em um propósito. Suas táticas poderiam mudar a estratégia também, mas o objetivo, jamais. Outra que pode ser destacada era o vigor. Todos os ditadores eram vigorosos, na realidade precisavam ser. Entrevistadores que falaram com ele na véspera de uma eleição, depois que fizera vários discursos em um dia, por toda a Alemanha, a semana toda, encontraram-no disposto e calmo.

“Quando tenho uma missão a cumprir, terei força para ela”.

Se um dos homens que Hitler escolheu falhassem, era morte certa. Quando precisava comentar sobre algo desagradável, em geral fala depois da 20 horas, para que os jornais estrangeiros só pudessem publicar uma versão apressada e talvez distorcida das palavras dele.

O Führer era de uma vaidade extrema, mas de forma curiosa não era vaidade pessoal. Mussolini deve ter dado retratos autografados a milhares de admiradores desde 1922. Os que Hitler concedeu a amigos podem ser contados nos dedos das mãos.

Antony Eden, quando visitou Berlim na primavera de 1935, e conversou com Hitler por sete horas, haveria falado que ele tinha um “completo domínio” de questões estrangeiras. Isso, claro, era bobagem. Pois ele não sabia nada sobre questões estrangeiras. Na verdade o que Eden quis dizer foi que Hitler mostrou um firme domínio de sua própria opinião das questões estrangeiras. 


Jornalista free-lance americano na Europa, Gunther escreveu uma série de Best-sellers intitulados Inside Europe, dando o ‘verdadeiro furo’ sobre o povo e os assuntos do continente. O texto abaixo é um trecho do retrato falado de Adolf Hitler.

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